A vantagem do Apito Dourado é que nos atirava para o mundo onírico dos relvados, distante do mundo real.
Por isso a sua derrota no tribunal não nos ocasionou muito mais que um encolher de ombros. Agora, com a Operação Face Oculta, a coisa fia mais fino. Destapou-se a caixa de Pandora e apareceram corruptos demasiado próximos e importantes. Caros e baratos, corruptores atrevidos e corrompidos fáceis.
Mas a verdade é que voltou a vir ao de cima o medo, e a fraca esperança que todos temos de que "isto dê em alguma coisa". Dos media aos cafés, em tons diferentes, a conversa foi quase sempre dar ao mesmo. É por isso que, agora, os investigadores da Operação Face Oculta têm uma responsabilidade redobrada. Teófilo Santiago, da Polícia Judiciária e João Marques Vidal, da Procuradoria Geral da República, que juntos elaboraram um processo até agora notável e sem espinhas. Deixem-me citar os seus nomes. Se esta crónica fosse ilustrada, estariam aqui as suas caras. Isso era indicativo do orgulho que todos devemos ter no seu trabalho, e também da responsabilidade que lhes atribuímos a partir de agora.
A Justiça protagoniza grande parte dos escândalos nacionais a que temos direito, mas não costuma ter protagonistas. Mesmo o Procurador Geral da República, na maior parte das vezes escuda-se no segredo de Justiça para fazer apenas comentários generalistas.
A procuradora Maria José Morgado, por exemplo, já recebeu muitas críticas de que tem sede mediática. Mas, no seu caso, os falhanços e sucessos têm cara. De resto, a Justiça é uma entidade colectiva e anónima. Talvez o que faça falta à nossa Justiça sejam mesmo justiceiros. Não do ponto de vista de fazê-la a qualquer preço, claro. Mas gente que dê a cara pelos processos em que acredita e que, ao fazê-lo, assuma também mais responsabilidade pelo que faz, ou não faz.
Faltam-nos polícias que metam medo mal apareçam na tv. E procuradores pouco dispostos a derrotas em tribunal. Para usar um exemplo mesmo aqui do lado, mais Baltasares Garzón (o juiz estrela espanhol) e menos procuradores adjuntos, essa palavra que parece mesmo criada para ajudar a acinzentar o sistema.
Por isso a sua derrota no tribunal não nos ocasionou muito mais que um encolher de ombros. Agora, com a Operação Face Oculta, a coisa fia mais fino. Destapou-se a caixa de Pandora e apareceram corruptos demasiado próximos e importantes. Caros e baratos, corruptores atrevidos e corrompidos fáceis.
Mas a verdade é que voltou a vir ao de cima o medo, e a fraca esperança que todos temos de que "isto dê em alguma coisa". Dos media aos cafés, em tons diferentes, a conversa foi quase sempre dar ao mesmo. É por isso que, agora, os investigadores da Operação Face Oculta têm uma responsabilidade redobrada. Teófilo Santiago, da Polícia Judiciária e João Marques Vidal, da Procuradoria Geral da República, que juntos elaboraram um processo até agora notável e sem espinhas. Deixem-me citar os seus nomes. Se esta crónica fosse ilustrada, estariam aqui as suas caras. Isso era indicativo do orgulho que todos devemos ter no seu trabalho, e também da responsabilidade que lhes atribuímos a partir de agora.
A Justiça protagoniza grande parte dos escândalos nacionais a que temos direito, mas não costuma ter protagonistas. Mesmo o Procurador Geral da República, na maior parte das vezes escuda-se no segredo de Justiça para fazer apenas comentários generalistas.
A procuradora Maria José Morgado, por exemplo, já recebeu muitas críticas de que tem sede mediática. Mas, no seu caso, os falhanços e sucessos têm cara. De resto, a Justiça é uma entidade colectiva e anónima. Talvez o que faça falta à nossa Justiça sejam mesmo justiceiros. Não do ponto de vista de fazê-la a qualquer preço, claro. Mas gente que dê a cara pelos processos em que acredita e que, ao fazê-lo, assuma também mais responsabilidade pelo que faz, ou não faz.
Faltam-nos polícias que metam medo mal apareçam na tv. E procuradores pouco dispostos a derrotas em tribunal. Para usar um exemplo mesmo aqui do lado, mais Baltasares Garzón (o juiz estrela espanhol) e menos procuradores adjuntos, essa palavra que parece mesmo criada para ajudar a acinzentar o sistema.
Catarina Carvalho aqui.
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