Para nós, brasileiros, o aspecto mais interessante da encíclica, do ponto de vista de suas implicações políticas, é a relação entre ética e solidariedade. Os escândalos de corrupção na vida política brasileira sempre ocupam as páginas dos jornais. Mas poucas vezes percebemos que, por traz da permanência destas condutas políticas antiéticas, existe uma sociedade que não experimentou um “desenvolvimento integral” e que, por isso, tem dificuldade de eleger políticos éticos. Não se trata do jargão “o povo não sabe votar”, mas de perceber que, sem desenvolvimento humano integral, isto é, sem instrução, solidariedade, luta pelo bem comum, fica realmente muito difícil combater a corrupção – pois o pecado está em todos nós e só uma vida solidária e uma razão capaz de analisar e discernir claramente o que é melhor podem nos ajudar a superar a inclinação para o mal que sempre tende a aparecer na sociedade. A reflexão sobre a forma como o papa articula amor, solidariedade e compromisso ético é um ponto muito interessante e importante para a vida pública brasileira.
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