«O advogado britânico David Mills mentiu “para conceder impunidade a Silvio Berlusconi e ao grupo Fininvest”. Não é Mills que o diz – o britânico, condenado em Fevereiro a quatro anos e meio de prisão por ter sido subornado para falsear o seu testemunho em dois processos contra Silvio Berlusconi, dissera-o em tempos, mas depois desdissera-se. A citação é da sentença do tribunal de Milão que o condenou, divulgada hoje, três mês e meio depois da condenação. O tribunal é claro nas suas conclusões: a Fininvest, grupo da família Berlusconi, pagou a Mills 580 mil dólares (430 mil euros). Mills, escreve o tribunal, deu “falsos testemunhos” para “conceder a Berlusconi e à Fininvest impunidade das acusações, ou, pelo menos, a conservação dos lucros consideráveis realizados”. Face ao pagamento, Mills não revelou informações sobre duas empresas off-shore usadas pela Mediaset, o império de media da Fininvest. Devia tê-lo feito em dois processos de corrupção, um em 1997, sobre o suspeito pagamento de comissões a funcionários do Ministério das Finanças em troca de tratamento fiscal favorável num processo que envolvia a compra de direitos de filmes nos EUA; outro no ano seguinte, o caso All Iberian, nome de uma empresa fictícia criada pelo grupo para alegadamente falsificar as suas contas e financiar ilegalmente vários partidos políticos”. Berlusconi foi ilibado. Mills, casado até ao ano passado com Tessa Jowell, antiga ministra da Cultura de Tony Blair que actualmente tem a pasta dos Jogos Olímpico no Reino Unido, era advogado fiscal de Berlusconi nesses anos. Berlusconi chegou a ser co-acusado no processo em que o advogado acabaria por ser condenado. Mas as acusações contra o primeiro-ministro foram suspensas em Outubro de 2008, na sequência da adopção de uma lei que lhe dá imunidade enquanto durar o seu mandato.“Se fossemos um país civilizado, Berlusconi seria obrigado a demitir-se por pressão da oposição, da imprensa e da opinião pública”, disse o líder da Itália dos Valores, partido do antigo juiz Antonio Di Pietro. Um porta-voz do partido da maioria, o Povo da Liberdade, acusou por seu turno a oposição de estar a tentar usar o caso para atacar um “Governo eleito livremente pelo povo italiano”. Berlusconi, interrogado pelos jornalistas, disse apenas que “falará ao Parlamento”. Na imprensa, comentadores como Massimo Giannini (no "La Repubblica", esquerda), antecipam que o Cavaliere fará “o enésimo ataque violento contra as togas vermelhas e a magistratura comunista, ‘cancro a erradicar’ no Império da Liberdade. E em vez disso seria suficiente se pronunciasse uma só palavra, que nunca lhe ouviremos: demissão”.
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