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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Corrupção continua sendo debilitante no novo Iraque

Durante os últimos anos, o Iraque passou a ser o segundo país mais corrupto do mundo, superado apenas pela Somália no índice de corrupção da organização não-governamental Transparência Internacional. O ex-ministro do Comércio Abd al-Falah Sudani, junto com seus irmãos, desviou tanto dinheiro do programa de distribuição de alimentos - conhecido como o Sistema Público de Distribuição - que decidiu que seria melhor fugir para Dubai. Seu avião já estava no ar quando ordenaram que ele voltasse a Bagdá, onde ele foi preso no aeroporto.
"Temos dez horas de eletricidade por dia, 15 horas de liberdade de expressão e 24 horas de corrupção", dizem os curdos no norte do Iraque, onde dois clãs controlam o poder há décadas. Um desses grupos é liderado pelo presidente iraquiano Jalal Talabani.
O parlamento em Bagdá é na verdade uma das instituições responsáveis por investigar abusos como este. "Nosso salário mensal é equivalente a US$ 10 mil (R$ 17 mil)", diz a parlamentar Maysoon al-Damluji. "Além disso, cada um tem o direito a 30 seguranças com um salário mínimo de 300 euros (R$ 750) por mês." Ela não quer falar mal de seus colegas, acrescenta, mas é muito comum que parentes e amigos sejam colocados nas folhas de pagamento dos políticos, independente de saberem alguma coisa sobre segurança.
Por outro lado, os seguranças genuínos devem proteger os membros do comitê parlamentar de orçamento e anticorrupção, que incluem homens como Sheikh Sabah al-Saadi e mulheres como Shada al-Moussawi. "Você não faz amigos quando mostra que o conselheiro de segurança nacional tem legalmente o direito a uma equipe de 60 pessoas, mas que na verdade tem 273 pessoas em sua folha de pagamento", diz Moussawi. Quando seu comitê decidiu convocar um ministro, ela recebeu telefonemas de ameça: "Foi uma época interessante para mim no parlamento. Com certeza não vou concorrer a outro mandato".
Al-Saadi também conta como ele foi ameaçado de ser "liquidado fisicamente". "Nosso governo é como uma grande máfia", diz ele. "Nós descobrimos redes que se estendem praticamente por todos os ministérios". Seu próprio partido xiita, Fadila (Virtude), não está envolvido, diz, porque não tem ministros no gabinete.
O partido de Saadi se juntou à Aliança Nacional Iraquiana (INA), uma das duas coalizões de forças políticas que - dependendo dos resultados das eleições - apontará o próximo primeiro-ministro. Um desenvolvimento importante acontecerá em janeiro, quando os curdos decidirão quem preferem - a INA dominada pelos xiitas ou a lista de candidatos lançada pelo primeiro-ministro Maliki. E a decisão dos curdos dependerá de qual aliança tem mais chances de garantir a eles o grande prêmio: a cidade petrolífera de Kirkuk, que é disputada tanto pelos curdos quanto pelos árabes.
"Comparada aos conflitos que ameaçam entrar em erupção depois das eleições, a corrupção pode ser, na verdade, um fator de estabilização", diz Joost Hiltermann, um analista para o Grupo de Crise Internacional. "A corrupção mantém a mente das pessoas focada no dinheiro e não na violência", diz Hiltermann.

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