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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Escutas lucrativas

Rui Pedro Soares prepara-se para cobrar 825 mil euros. E quer mais 2,4 milhões pelas remunerações que perdeu, depois de ter sido forçado a demitir-se da PT. O "golden boy" socialista também é acusado de corrupção, mas isso agora não interessa nada.
1. É acusado de corrupção por celebrar um contrato de 750 mil euros com Luís Figo, em troca do apoio do futebolista à candidatura do primeiro-ministro, José Sócrates, às eleições legislativas de 2009. Rui Pedro Soares, o "golden boy" socialista na administração da PT, está de volta. Mas não por causa da acusação com que a crónica arranca. Esse é um caso que ainda está na fase de instrução. Muitos anos se irão passar até que os tribunais consigam chegar a uma conclusão.
A celeridade que não há no processo de corrupção, sobra no processo que o mesmo Rui Pedro Soares moveu contra o semanário "Sol", por ter publicado escutas em que, entre outras malfeitorias, se percebia o citado negócio com Luís Figo. E assim, o jovem socialista que representava a "golden share" do Estado na PT prepara-se para accionar o Tribunal de Execução de Penas e receber os 825 mil euros que lhe cabem por causa da publicação indevida das escutas.
Mas não fica por aqui. Numa outra acção contra o semanário, reclama 2,4 milhões de euros, o dinheiro que perdeu em remunerações. Não sei se estão a perceber a ironia: demitiu-se por causa da publicação das escutas e porque nestas ficou claro que era indigno de representar o Estado na PT, mas acha-se no direito de receber mais uns milhões.
Que fique claro: o "Sol" publicou uma série de escutas, a maioria delas repletas de coscuvilhice e intriga sem valor, outras com óbvio interesse público, mas sempre contrariando a lei. Já está a ser punido. Vamos esperar para ver o que acontece aos que são acusados de outros crimes. Mas sentados, porque é capaz de demorar.
2. Primeiro foi a PT a anunciar a distribuição antecipada de 880 milhões de euros em dividendos. Outras grandes empresas, como a Portucel e o Grupo Jerónimo Martins, vieram a terreiro anunciar o mesmo. E outras se seguirão, a maioria em silêncio, para evitar censuras públicas.
Para os menos informados, o que é normal é que as empresas deixem chegar o ano ao fim, fazerem as contas, apurarem lucros e só então proceder à sua distribuição pelos accionistas. Acontece que o Governo promoveu uma alteração fiscal para 2011, que permitirá arrecadar um pouco mais em impostos do que é costume.
É bom que se diga que tudo isto é perfeitamente legal. Ou, para citar o bispo do Porto, imperfeitamente legal. Só se espera que a Assembleia da República seja capaz de tomar uma iniciativa, igualmente legal, para travar esta imoralidade.
Claro que já apareceram fiscalistas a dizer que esta perseguição aos lucros é um atentado contra a competitividade fiscal do país. Devem ser os mesmos que aconselham "investimentos" nas ilhas Caimão: em 2009 seguiram para aquele paraíso da competitividade fiscal 2600 milhões de euros, fazendo subir para 13 mil milhões o total de "investimentos" no offshore preferido dos milionários portugueses.
Fonte - JN

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