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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Ferrostaal quer pagar para arquivar casos de corrupção

Em Portugal, a empresa que forneceu os submarinos já disse em tribunal que está disposta a devolver 4,8 milhões de euros da caução.
Na nova gestão da Ferrostaal, as palavras de ordem parecem ser negociar e pagar para arquivar. É assim que Jan Secher, o novo presidente executivo, está a lidar com os processos de suborno e corrupção que herdou e estão a correr contra o gigante que representa os interesses externos da indústria alemã de armamento.
Na última sessão do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, a Ferrostaal, com três gestores seus acusados de burla e falsificação de documentos, deixou aberta a possibilidade de devolver parte - 4,8 milhões de euros - da caução de 121 milhões de euros ao Estado português, relativos às contrapartidas dos submarinos.
O grupo foi dispensado de entregar, em 2003, a caução relativa a uma parte das contrapartidas, por na altura ter apresentado documentos de alegados projectos previamente realizados com empresas portuguesas. A investigação do Ministério Público - desencadeada por uma outra, de maiores dimensões, sobre o próprio negócio de compra dos submarinos e que também envolve a Ferrostaal, e sobre a qual não há notícias há vários meses - concluiu que as ditas contrapartidas não existiram e pede 34 milhões de euros por danos causados ao Estado. O grupo alemão abriu assim a porta à devolução de dinheiro ao Estado, ao fim de vários meses de ataque intenso dos seus advogados contra o Ministério Público e os peritos externos ligados a esta investigação e à da venda dos submarinos.
Dois dias antes, a imprensa alemã revelou que a Ferrostaal estará prestes a fechar a negociação do pagamento de uma multa de 200 milhões de euros, no âmbito de uma investigação do Ministério Público de Munique, por subornos pagos na venda de submarinos à Grécia e navios e equipamentos para centrais eléctricas para a América do Sul e África. A informação foi dada pelo diário alemão Süddeutsche Zeitung, segundo o qual decorrem negociações entre as duas partes para chegar a acordo sobre o montante.
A enfrentar vários casos judiciais por suborno e corrupção, a nível internacional, e sob forte pressão - o grupo chega a ser comparado a um "ministério do comércio externo" -, a Ferrostaal está também a negociar com o seu principal accionista, desagradado com a situação. O IPIC (International Petroleum Investment Company), fundo de investimento do Abu Dabi alimentado com receitas do petróleo, recorreu a um tribunal arbitral há pouco mais de um mês e quer uma compensação, porque desconhecia a dimensão dos escândalos que ia herdar, quando comprou 70 por cento da Ferrostaal no início de 2009, à MAN.
A Ferrostaal, que durante anos negou pagar subornos, tem negociado também com o IPIC e a solução poderá passar por um desconto na compra dos restantes 30 por cento à MAN que o fundo de investimento tem como opção. A MAN, enquanto anterior única proprietária da Ferrostaal, deverá contribuir com a maior parte da compensação. A cedência gratuita destes 30 por cento é uma hipótese também admitida e a MAN espera ter a questão resolvida até ao final do ano.
Com o Ministério Público de Munique, diz a empresa, as negociações têm sido "construtivas" e um acordo estará "ao alcance". Jan Secher já conseguiu que o valor tenha descido dos iniciais 240 milhões de euros para 200 milhões, montante correspondente à multa mais a devolução dos lucros estimados dos contratos ganhos através de suborno. Em Dezembro do ano passado, a Ferrostaal decidiu pagar uma multa de 150 milhões de euros relacionada com outra acusação de suborno e corrupção.
Para a imprensa alemã, Secher quer "romper com o passado e reconquistar a confiança dos clientes".
Fonte - Público


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