Em declarações a Carlos Vaz Marques, Marques apontou ainda o dedo a Portugal, considerando que é um país subserviente em relação ao regime de Luanda. Nesta entrevista, que passará na íntegra hoje pelas 19h00, na véspera do dia em se cumprem 35 anos sobre o 11 de Novembro de 1975, em que o MPLA, de Agostinho Neto, proclamou unilateralmente a independência de Angola, o destacado jornalista e pesquisador acusou José Eduardo dos Santos de fechar os olhos, apadrinhando desta forma negócios ilícitos, dizendo que ele “apregoa a transparência para depois, na prática, fazer o contrário”.
Nesta entrevista, o activista na luta contra a corrupção, que ainda há semanas foi perseguido pela polícia durante uma deslocação à região diamantífera das Lundas, voltou ao tema que é alvo do seu site “Maka”, que constitui uma iniciativa anti-corrupção. Contactado pela TSF, o ministério português dos Negócios Estrangeiros optou por não comentar estas declarações, assim como a embaixada de Angola em Lisboa.
"Partilhar experiências"
Entretanto, em Luanda, para a comemoração dos 35 anos da independência, o presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, o deputado do CDS/PP José Ribeiro e Castro, filho de um antigo governador-geral da Angola do tempo colonial, destacou a importância desta visita para “partilhar experiências”. Ribeiro e Castro considerou que “o facto de existirem críticas é um sinal de que existe debate democrático no país”. “Por um lado, as pessoas queixam-se que não há democracia mas, por outro lado, a própria prática dessas críticas de uma forma aberta é sinal de que existe liberdade de expressão e do próprio debate democrático”, considerou o antigo líder do CDS/PP. O último caso a bater à porta das investigações de Rafael Marques, e divulgado há cinco dias no site “Maka”, sumariza o "papel do investimento estrangeiro no aumento, consolidação e institucionalização dos esquemas de corrupção, em parceria com a liderança política do país”.
A 12 de Junho de 2009, o ministro de Estado e chefe da Casa Militar da Presidência da República, General Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, “Kopelipa”, criou, como sócio maioritário (40 por cento), a empresa Auto-Star Angola. Ao director-adjunto do Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN), Manuel José Cardoso do Amaral Van-Dúnem, e ao “fiel depositário dos negócios do general”, Manuel Domingos Inglês, cabe uma quota de 10 por cento cada. Por sua vez, os empresários Herculano de Morais e António de Lemos, têm respectivamente 30 por cento e 10 por cento das quotas da sociedade.
“Kopelipa” tem vindo a ser considerado um dos homens mais poderosos de Angola, estendendo a sua actividade inclusive a Portugal. Há dois anos, pagou um milhão de euros por duas áreas no Douro para produzir vinho e exportar.
Fonte - Jornal Público de 10.11.2010
Fonte - Jornal Público de 10.11.2010
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