Em carta ao presidente suíço, Kaspar Villiger, o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, denuncia a “arrogância e abuso de poder” da justiça suíça.
“Angola não pode aceitar os termos utilizados na ação judicial, ou seja associação com malfeitores”, declarou a swissinfo uma pessoa próxima dos interesses angolanos em Genebra.
Na carta de protesto, endereçada ao presidente suíço, Kaspar Villiger – e citada no jornal genebrino LeTemps – o chefe de Estado de Angola afirma que o procedimento praticado pelo juiz Daniel Devaud (de Genebra) constitui “violação do direito internacional”.
O governo de Luanda acaba de convocar “para consulta” o embaixador de Angola na Suíça. (As autoridades suíças não podem fazer o mesmo, pois não dispõem de diplomatas na ex-colônia portuguesa. E o embaixador suíço em Harare, capital zimbabuana, que se encarrega de Angola).
Indício de corrupção
A reação do presidente José Eduardo dos Santos não surpreende. Daniel Devaud, que investiga desde dezembro de 2000 tráfico de armas rumo a Angola no valor de mais de meio bilhão de dólares, vai fundo.
Ele descobriu importantes desvios de dinheiro por ocasião de reembolso da dívida contraída por Angola com a Rússia.
O intermediário, Pierre Falcone – que tinha carteira de residência no estado de Vaud (próximo do de Genebra) – não se teria contentado em vender armas. Ocupava-se também de negociar as dívidas de Angola.
Desvio de fundos
O problema é que de uma fatura de 1.5 bilhão de dólares, somente 160 milhões de dólares chegaram aos cofres da Federação da Rússia. O saldo não foi perdido por todo o mundo. Pierre Falcone, e seu associado, o russo Arcadi Gaydamak – atualmente foragido em Israel – encheram os bolsos.
Mas eles não se esqueceram de alguns dignitários angolanos e russos. O juiz Daniel Devaud aponta claramente o presidente da República de Angola como um dos felizes beneficiários.
Separação de poderes
Não se trata de acusações ligeiras. O magistrado de Genebra fornece datas e montantes, designa as contas e o nome dos estabelecimentos financeiros. Informações, difundidas principalmente pelo jornal Le Monde, que provocam a cólera do poder angolano.
O dossiê provoca suscitibilidade em Luanda. O governo de Angola não hesitara em escrever ao presidente francês Jacques Chirac, indignando-se com a detenção de Pierre Falcone na França. Lembrando a presença da empresa petroleira Elf em seu território, Angola podia tentar fazer pressão contra Paris.
A Suíça, no entanto, não tem interesses importantes no país africano. O Ministério das Relações Exteriores limitou-se a lembrar a Angola que no País a justiça é independente. “Assinalamos a nossos interlocutores angolanos que existia na Suíça um regime estrito de separação de poderes”, realçou à agência de notícias suíça Muriel Berset Kohlen, porta-voz do Ministério.
Como medida de represália, Angola pretenderia impedir que as empresas suíças especializadas em desativação de minas atuem em seu território
Fonte - Benguelaonline
“Angola não pode aceitar os termos utilizados na ação judicial, ou seja associação com malfeitores”, declarou a swissinfo uma pessoa próxima dos interesses angolanos em Genebra.
Na carta de protesto, endereçada ao presidente suíço, Kaspar Villiger – e citada no jornal genebrino LeTemps – o chefe de Estado de Angola afirma que o procedimento praticado pelo juiz Daniel Devaud (de Genebra) constitui “violação do direito internacional”.
O governo de Luanda acaba de convocar “para consulta” o embaixador de Angola na Suíça. (As autoridades suíças não podem fazer o mesmo, pois não dispõem de diplomatas na ex-colônia portuguesa. E o embaixador suíço em Harare, capital zimbabuana, que se encarrega de Angola).
Indício de corrupção
A reação do presidente José Eduardo dos Santos não surpreende. Daniel Devaud, que investiga desde dezembro de 2000 tráfico de armas rumo a Angola no valor de mais de meio bilhão de dólares, vai fundo.
Ele descobriu importantes desvios de dinheiro por ocasião de reembolso da dívida contraída por Angola com a Rússia.
O intermediário, Pierre Falcone – que tinha carteira de residência no estado de Vaud (próximo do de Genebra) – não se teria contentado em vender armas. Ocupava-se também de negociar as dívidas de Angola.
Desvio de fundos
O problema é que de uma fatura de 1.5 bilhão de dólares, somente 160 milhões de dólares chegaram aos cofres da Federação da Rússia. O saldo não foi perdido por todo o mundo. Pierre Falcone, e seu associado, o russo Arcadi Gaydamak – atualmente foragido em Israel – encheram os bolsos.
Mas eles não se esqueceram de alguns dignitários angolanos e russos. O juiz Daniel Devaud aponta claramente o presidente da República de Angola como um dos felizes beneficiários.
Separação de poderes
Não se trata de acusações ligeiras. O magistrado de Genebra fornece datas e montantes, designa as contas e o nome dos estabelecimentos financeiros. Informações, difundidas principalmente pelo jornal Le Monde, que provocam a cólera do poder angolano.
O dossiê provoca suscitibilidade em Luanda. O governo de Angola não hesitara em escrever ao presidente francês Jacques Chirac, indignando-se com a detenção de Pierre Falcone na França. Lembrando a presença da empresa petroleira Elf em seu território, Angola podia tentar fazer pressão contra Paris.
A Suíça, no entanto, não tem interesses importantes no país africano. O Ministério das Relações Exteriores limitou-se a lembrar a Angola que no País a justiça é independente. “Assinalamos a nossos interlocutores angolanos que existia na Suíça um regime estrito de separação de poderes”, realçou à agência de notícias suíça Muriel Berset Kohlen, porta-voz do Ministério.
Como medida de represália, Angola pretenderia impedir que as empresas suíças especializadas em desativação de minas atuem em seu território
Fonte - Benguelaonline
Sem comentários:
Enviar um comentário