Os bloqueios que existem em Portugal para se combater a corrupção são conhecidos: má tipificação legal do crime; moldura penal branda; ausência de sanção em comportamentos cada vez mais banais (enriquecimento ilícito e abuso urbanístico); falta de meios técnicos e humanos; escassa censura social do fenómeno e burocracia interminável no Estado.
Um vasto rol de problemas a que nenhum Governo tem dado resposta, exceptuando o primeiro de António Guterres, com Vera Jardim na Justiça. Esse atraso, porém, tem cada vez menos correspondência na forma como o tema é tratado a outros níveis. Ainda esta semana, foi lançado um livro, ‘Segredos e Corrupção – o Negócio das Armas em Portugal’, do jornalista António José Vilela, que é uma corajosa abordagem a uma das maiores zonas de sombra em matéria de crime económico.
O autor faz uma investigação rigorosa e deixa um retrato implacável sobre a opacidade, as pressões, as omissões que marcam esse mundo fechado dos negócios militares e da relação passiva dos governos com ele. Quem quiser aprender um pouco sobre como não se combate a corrupção tem neste livro uma boa oportunidade. Ou como, quando se combate, se faz totalmente à custa do esforço e da coragem de pessoas como o juiz Carlos Alexandre, nunca por abordagem estratégica e prioritária do Estado.»
Eduardo Dâmaso - artigo e foto aqui.
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