«Laboratórios citados por João Cordeiro cresceram imenso em 2008
17.04.2009 - 09h05 Alexandra Campos
Os laboratórios citados pelo presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) para exemplificar as alegadas relações ilegais entre médicos e a indústria farmacêutica que diz conhecer apenas fabricam medicamentos genéricos e, no ano passado, cresceram a um ritmo muito superior ao verificado à média do sector.Em 2008, em valor de vendas, a empresa Tetrafarma cresceu 46,8 por cento, quando o sector de genéricos em geral aumentou 3,8 por cento, e a Biosaúde cresceu 23,5 por cento, de acordo com dados da consultora IMSHealth adiantados ao PÚBLICO pelo presidente da Associação Portuguesa de Genéricos, Paulo Lilaia. "São empresas pequenas que têm crescido muito", afirmou.O salto da primeira empresa foi de tal forma impressionante, disse, que a Tetrafarma ocupa actualmente o 6.º lugar na lista das maiores empresas de genéricos, em valor, onde figuram várias multinacionais. Ontem, a Tetrafarma, que tem 12 genéricos, a crer na sua página na Internet, não quis fazer comentários e a Biosaúde remeteu os jornalistas para o comunicado da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, repudiando as suspeitas levantadas pelo presidente da ANF. O nome das duas empresas foi citado por João Cordeiro durante um debate com o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, na SIC Notícias. Depois de Pedro Nunes lhe ter pedido que concretizasse as suspeitas de relações ilegais entre médicos e a indústria farmacêutica, Cordeiro exemplificou com a farmácia de que é dono em Cascais. "Mal chegam os fins-de-semana, começam a chegar dos hospitais [e aludiu à urgência do Hospital de Cascais] receitas a papel químico, concretamente dos mesmos laboratórios." E referiu-se especificamente à Tetrafarma e Biosaúde que, disse, "num fim-de-semana, alcançaram as vendas de três meses".IGAS investiga mas PGR ainda nãoDepois de ter recebido um pedido de investigação das denúncias por parte da Ordem dos Médicos (OM), a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) abriu ontem um inquérito para apurar se as afirmações de João Cordeiro têm ou não fundamento, ao mesmo tempo que prossegue com uma acção sobre o controlo da facturação do receituário aviado nas farmácias. O secretário de Estado adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, sublinhou que as denúncias sobre relações irregulares entre médicos e indústria farmacêutica têm diminuído substancialmente nos últimos anos. Não chegarão a uma dezena nos últimos dois anos e uma parte decorre de cartas anónimas, soube o PÚBLICO. A IGAS fez duas grandes intervenções direccionadas aos delegados de informação médica em 2004 e 2005 e, em 2006, começou a investigar os 108 maiores prescritores do país. No segundo caso, concluiu, após 13 auditorias, pela inexistência de corrupção.O bastonário da OM, Pedro Nunes, diz que em 20 anos teve conhecimento de apenas "dois ou três casos". As relações entre os médicos e a indústria farmacêutica estão muito alteradas, garante, depois de, em 2004, o ex-ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, ter decidido regular o acesso destes profissionais às unidades de saúde. A OM assinou então um acordo com a Apifarma através do qual a segunda apenas apoiava financeiramente os congressos validados cientificamente pela segunda. E a Apifarma publicou um código deontológico. Já a Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda não está a investigar as acusações de corrupção feitas pelo presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF). A PGR explica que "aguarda o recebimento de documentos relacionados com o tema em questão" e que "oportunamente" o departamento competente se pronunciará. Ontem, a ANF anunciou que pediu uma reunião com carácter de urgência à ministra da Saúde para lhe entregar em mão o pedido de avaliação da qualidade da prescrição médica em Portugal, sem explicar como e quando vai entregar as denúncias concretas feitas esta semana. A administração do Hospital de Cascais decidiu entretanto abrir um inquérito interno de averiguação a eventuais irregularidades na prescrição de medicamentos. »
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17.04.2009 - 09h05 Alexandra Campos
Os laboratórios citados pelo presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) para exemplificar as alegadas relações ilegais entre médicos e a indústria farmacêutica que diz conhecer apenas fabricam medicamentos genéricos e, no ano passado, cresceram a um ritmo muito superior ao verificado à média do sector.Em 2008, em valor de vendas, a empresa Tetrafarma cresceu 46,8 por cento, quando o sector de genéricos em geral aumentou 3,8 por cento, e a Biosaúde cresceu 23,5 por cento, de acordo com dados da consultora IMSHealth adiantados ao PÚBLICO pelo presidente da Associação Portuguesa de Genéricos, Paulo Lilaia. "São empresas pequenas que têm crescido muito", afirmou.O salto da primeira empresa foi de tal forma impressionante, disse, que a Tetrafarma ocupa actualmente o 6.º lugar na lista das maiores empresas de genéricos, em valor, onde figuram várias multinacionais. Ontem, a Tetrafarma, que tem 12 genéricos, a crer na sua página na Internet, não quis fazer comentários e a Biosaúde remeteu os jornalistas para o comunicado da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, repudiando as suspeitas levantadas pelo presidente da ANF. O nome das duas empresas foi citado por João Cordeiro durante um debate com o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, na SIC Notícias. Depois de Pedro Nunes lhe ter pedido que concretizasse as suspeitas de relações ilegais entre médicos e a indústria farmacêutica, Cordeiro exemplificou com a farmácia de que é dono em Cascais. "Mal chegam os fins-de-semana, começam a chegar dos hospitais [e aludiu à urgência do Hospital de Cascais] receitas a papel químico, concretamente dos mesmos laboratórios." E referiu-se especificamente à Tetrafarma e Biosaúde que, disse, "num fim-de-semana, alcançaram as vendas de três meses".IGAS investiga mas PGR ainda nãoDepois de ter recebido um pedido de investigação das denúncias por parte da Ordem dos Médicos (OM), a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) abriu ontem um inquérito para apurar se as afirmações de João Cordeiro têm ou não fundamento, ao mesmo tempo que prossegue com uma acção sobre o controlo da facturação do receituário aviado nas farmácias. O secretário de Estado adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, sublinhou que as denúncias sobre relações irregulares entre médicos e indústria farmacêutica têm diminuído substancialmente nos últimos anos. Não chegarão a uma dezena nos últimos dois anos e uma parte decorre de cartas anónimas, soube o PÚBLICO. A IGAS fez duas grandes intervenções direccionadas aos delegados de informação médica em 2004 e 2005 e, em 2006, começou a investigar os 108 maiores prescritores do país. No segundo caso, concluiu, após 13 auditorias, pela inexistência de corrupção.O bastonário da OM, Pedro Nunes, diz que em 20 anos teve conhecimento de apenas "dois ou três casos". As relações entre os médicos e a indústria farmacêutica estão muito alteradas, garante, depois de, em 2004, o ex-ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, ter decidido regular o acesso destes profissionais às unidades de saúde. A OM assinou então um acordo com a Apifarma através do qual a segunda apenas apoiava financeiramente os congressos validados cientificamente pela segunda. E a Apifarma publicou um código deontológico. Já a Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda não está a investigar as acusações de corrupção feitas pelo presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF). A PGR explica que "aguarda o recebimento de documentos relacionados com o tema em questão" e que "oportunamente" o departamento competente se pronunciará. Ontem, a ANF anunciou que pediu uma reunião com carácter de urgência à ministra da Saúde para lhe entregar em mão o pedido de avaliação da qualidade da prescrição médica em Portugal, sem explicar como e quando vai entregar as denúncias concretas feitas esta semana. A administração do Hospital de Cascais decidiu entretanto abrir um inquérito interno de averiguação a eventuais irregularidades na prescrição de medicamentos. »
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